Ao longo deste artigo, você irá conhecer 3 casos de sucesso de jogos que usaram e abusaram da nostalgia, reaproveitando mecânicas de games clássicos sem direitos autorais e é claro, lucraram milhões com isso.

O processo de criação de um game coloca a equipe em meio a algumas dificuldades, uma das primeiras dessas dificuldades seria “o que criar?”, em qual categoria encaixar o meu game? De uns tempos pra cá, o mercado tem notado que games com teor nostálgico tem sido o que podemos chamar de “lucro certo”.

Afinal de contas, se o game foi sucesso a alguns anos atrás, porque não daria certo novamente em uma novo contexto? As pessoas tem a nostalgia como caráter afetivo e se tem algo que vende, são as emoções.

É claro que franquias como Mário, Sonic e Pokemon continuam vendendo décadas após de seus primeiros lançamentos, mas estas conquistaram novos públicos e não são bancadas apenas pela nostalgia. Como no caso “Pokemon GO”, onde os monstrinhos de bolso conquistaram um grande público jovem, somado ao público que assistiu as primeiras temporadas do anime.

O que vamos ver a seguir, são jogos que foram “esquecidos” e voltaram com tudo quando ganharam versões modernizadas, ao mesmo passo que conquistaram novos públicos, foram adotados pelo público dos games originais aos quais foram inspirados.

Crossy Road (Frogger)

Frogger, inicialmente fabricado para máquinas de arcade, logo foi fabricado em grande escala para o console mais popular da época, o Atari 2600, tornando-se o game mais vendido do planeta até 1992, quando foi ultrapassado por Super Mario Land.

A mecânica do jogo era simples, onde o jogador controla um sapo que deve atravessar com tempo limitado, uma estrada movimentada e um rio cheio de obstáculos até chegar ao seu ninho.

A cada cinco travessias bem sucedidas, o jogo progredia em novas fases de dificuldade crescente.

Frooger nunca sumiu do mercado e sempre teve novas versões, como uma recente para Playstation 4 que custa a bagatela de R$40 reais.

Mas tudo bem, se eu fosse o dono do Frogger continuaria lançando novos produtos da franquia para ter o meu “lucro certo”, afinal de contas se o produto já está no mercado a tanto tempo e ainda sobrevive, ele tem algo especial. Mas não sou o dono da franquia, o que posso fazer então?.

Em 2014, A desenvolvedora Hipster Whale lançou o game Crossy Road, uma versão isométrica e renovada do clássico estrelado pelo pequeno sapo. A ideia é basicamente a mesma: você precisa atravessar ruas, trilhos de trem e rios tendo que desviar do tráfego intenso, seja ele de carros, trens ou navios.

A novidade, além dos lindos gráficos isométricos, foi que o game deu ao jogador a liberdade de controlar outros personagens, com uma galinha, um tigre ou até mesmo um pônei. 

O sucesso foi tanto que em apenas 3 meses de lançamento, o game tinha arrecadado nada menos que 10 milhões de dóllares para o estúdio.

Crossy road conta hoje com uma nota 4,6 no Google Play e mais de 4 milhões de downloads, ele foi um sucesso comercial absoluto e operado no sistema Freemium com anúncios, onde o game é gratuito mas há compras internas e anúncios de vídeo.

Hoje, o site Think gaming estima que ele arrecade cerca de U$709 dóllares por dia.

Tomb of the Mask (Pac-man)

Pac-man ou come-come na linguagem popular brasileira é um game do tipo arcade, produzido originalmente no início dos anos 1980, tornou-se um dos jogos mais jogados e populares no momento, tendo versões modernas para diversos consoles e continuações para tantos outros, inclusive na atualidade.

A mecânica do jogo é simples: o jogador era uma cabeça redonda com uma boca que se abre e fecha, posicionado em um labirinto simples repleto de pastilhas e 4 fantasmas que o perseguiam. O objetivo era comer todas as pastilhas sem ser alcançado pelos fantasmas, em ritmo progressivo de dificuldade.

Depois de ganhar todo tipo de remasterizações e até uma tosca animação, Pac-man nunca decepcionou seus criadores e continua arrecadando milhões de dóllares com seus produtos até os dias de hoje.

Mas e se o pac-man ganhasse um primo feito em pixel art e com um ar de aventura no estilo Indiana Jones?.

Lançado pela Play Legendary Limited em 2018, Tomb of the Mask é um jogo interativo de aventura e ação do tipo arcade, num cenário com formato de labirinto verticalizado para melhor se adaptar aos celulares, se tornou um jogo essencial para quem gosta de jogos do tipo arcade, e é um grande pedido para te fazer passar o tempo de forma agradável e dinâmica.

É visível que o game se inspira no Pac-man, o jogo consiste em movimentar um pequeno personagem por um labirinto repleto de armadilhas mortais e inimigos enquanto “come” pontinhos. Confesso que não percebi todas as referências na primeira vez que joguei, mas sentia um ar de “já estive aqui”.

Talvez não hajam fantastmas aqui para evitar processos, mas tudo em Tomb of the Mask é nostálgico, até mesmo suas artes em 8-bits, sons do tipo “chiptune” e cenários mais escuros como os dos primeiros jogos da Atari nos anos 80.

No quesito aceitação do público, o game tem atualmente a nota 4,3 na Playstore, a maior reclamação é de que suas propagandas são um pouco abusivas, e de fato são.

Segundo o site SensorTower, o game já arrecadou U$200.000,00 em menos de 2 anos no mercado. Este é um caso clássico de como os jogos simples e em pixel art ainda podem lucrar muito, desde que sejam bem produzidos e tenham o tom nostálgico correto.

Horizon Chase (Top Gear)

Top Gear conhecido no Japão como Top Racer, é um jogo lançado em 1992 para o Super NES. Ele foi desenvolvido pela Gremlin Graphics e publicado pela Kemco.

É um jogo de corrida clássico e um dos primeiros jogos desse gênero para o SNES. O objetivo do jogo é se tornar o piloto mais rápido do mundo correndo em vários países, e é claro, contava com uma trilha sonora que nos dias de hoje é capaz de fazer muito pai de família ir aos prantos.

Esse é um caso bem interessante pois envolve um estúdio Brasileiro. Horizon Chase Turbo é o lançamento do estúdio brasileiro Aquiris que visa agradar quem gosta de títulos clássicos de corrida “arcade” (isto é, sem simulação) e uma diversão mais direta.

O game foi lançado no PC (download via Steam) e PS4, também em versão em disco, a propósito. Sua principal inspiração é Top Gear, clássico jogo do Super Nintendo (SNES), mantendo boa parte de suas ideias de design, trilha sonora e até jogabilidade simplificada. Entenda suas semelhanças e como um trabalha o legado do outro:

A jogabilidade de Horizon Chase Turbo e Top Gear são incrivelmente similares. Você move o veículo apenas para os lados, para desviar de outros carros na pista, fazer ultrapassagens, curvas ou coletar itens, como gasolina e moedas que vão servir para desbloquear novos veículos.

Em Top Gear, tudo funcionava de maneira similar. A jogabilidade era favorecida pelo cenário, que também era simples. O próprio design, que move as pistas, e não o carro, é uma forma de deixar a experiência centrada no que importa, que é a velocidade, algo replicado em Horizon Chase Turbo.

E, por falar em “legado”, a trilha sonora de Horizon Chase Turbo talvez seja o ponto que mais se volta para a versão, em termos de inspiração no clássico. É que o estúdio contratou Barry Leitch, que foi ninguém menos que o compositor do “game original”. Vamos ouvir a versão remasterizada da trilha clássica que você ouviu acima:

O game conta com nota 4,0 na Playstore e tem milhares da avaliações positivas na Steam, esse é um caso mais de nicho pois diferente dos outros games, Horizon Chase assume a fonte que está bebendo e procurou de fato trazer um novo Top Gear ao mercado, não se sabe se houve algum pagamento de direitos autorais a respeito.

Não há informações precisas sobre seus lucros, seu estúdio criador conta com 70 funcionários e um faturamento estimado em R$ 10 milhões, Aquiris Game Studio desenvolveu games brasileiros para grandes marcas, como Cartoon Network. Eles completaram 10 anos de história em 2017.

É muito interessante ver um estúdio Brasileiro envolvido em um lançamento tão interessante e marcante pra tanta gente, ao longo deste artigo podemos ver como as ideias simples, se bem aplicadas pode dar muito certo no mercado dos games.

Gráficos 3D, jogabilidades com milhares de regras, multiplayer e mundo aberto não são garantia de venda, o simples lucra e lucra muito. Se bem desenvolvido é claro.